O Brasil registrou uma corrente de comércio de US$ 31,21 bilhões em fevereiro, com aumento de 8,2% pela média diária, em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações cresceram 3,9% e somaram US$ 16,18 bilhões, enquanto as importações subiram 13,4% e totalizaram US$ 15,03 bilhões. Assim, a balança comercial registrou superávit de US$ 1,15 bilhão, com diminuição de 50,4%. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (1º/3) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
Acumulado - No acumulado de janeiro e fevereiro, em comparação a igual período do ano anterior, a corrente de comércio subiu 9,6%, atingindo US$ 61,95 bilhões. As exportações cresceram 8,5%, somando US$ 30,99 bilhões, e as importações aumentaram 10,7% e totalizaram US$ 30,96 bilhões, gerando um superávit de US$ 30 milhões, o que representou uma redução de 95,6% em relação ao primeiro bimestre de 2020.
Impulso - As exportações foram impulsionadas pelo aumento das vendas de 3,5% na Indústria de Transformação e 13,8% na Indústria Extrativa, com recuo de 10,8% na Agropecuária. O aumento na Indústria de Transformação foi puxado por maiores embarques de açúcar, farelos de soja, produtos siderúrgicos, aeronaves e óleos vegetais.
Destaque - Já na Indústria Extrativa, o destaque foi o minério de ferro, que teve um preço de exportação 75,6% superior em fevereiro, em relação ao preço de fevereiro do ano passado. Houve também aumento de 10,9% no volume embarcado. Assim, a alta das exportações desse produto no mês foi de 95%, em valor. “É uma demanda aquecida, que favorece os embarques da indústria extrativa e os preços dos produtos exportados”, explica o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Agropecuária - As vendas da Agropecuária, por outro lado, caíram 10,8%. Quedas assim, tanto em fevereiro quanto no acumulado deste ano, são motivadas por efeitos sazonais, com destaque para a situação da safra agrícola. “As exportações da Agropecuária caíram, principalmente, pela redução de 33,1% na exportação de soja, em fevereiro. Temos uma safra tardia neste ano, o que faz com os embarques aconteçam mais à frente”, comenta Brandão.
Soja - Ele prevê maiores volumes de soja embarcados a partir de março, ao contrário de 2020, quando desde janeiro houve embarques mais significativos da oleaginosa. Lembra, também, que houve crescimento das vendas de outros produtos, como milho e algodão bruto, o que reduz os efeitos da queda da soja. “O milho teve aumento de mais de 150% no valor exportado”, frisa o subsecretário.
Importações - Já do lado da importação, houve crescimento das compras da Indústria de Transformação (12,4%), que representa 90% do que o Brasil adquire do exterior, e da Agropecuária (14,9%). Esse aquecimento é influenciado por vários fatores, com destaque para uma demanda maior por importados como eletroeletrônicos, adubos, fertilizantes e produtos farmacêuticos. Também houve importação de energia elétrica, no total de US$ 340 milhões, da Argentina.
Nacionalização de plataformas - Outro fator que influenciou a alta das importações, segundo apurou a Secex, foi a nacionalização de plataformas de petróleo, no valor total de US$ 1,4 bilhão em fevereiro e, aproximadamente, US$ 2,8 bilhões no acumulado do bimestre. “O regime Repetro se encerrou em 31 de dezembro de 2020, dando lugar ao Repetro-Sped. Isso fez com que um grande movimento de nacionalização de equipamentos ocorresse até o fim do ano passado, mas algumas operações ainda foram desembaraçadas neste primeiro bimestre. Então, temos algum efeito das plataformas, distorcendo os dados nesse período”, avalia Brandão.
Recuperação econômica - Ele afirma que o aumento das importações pode estar ligado à recuperação da atividade econômica. “Acredito que esse movimento esteja dentro desse contexto de melhor atividade econômica, mas ainda há muita instabilidade. É difícil saber se isso vai se manter, mas observamos a importação de produtos como insumos eletroeletrônicos, adubos e fertilizantes, que denotam uma necessidade da indústria por insumos para atender a sua demanda”, diz.
Incertezas - Brandão ainda vê incertezas sobre os possíveis impactos de uma nova onda de Covid-19, mas destaca que o comércio, tanto mundial quanto brasileiro, “está em um bom momento” e que o próprio índice de atividade da Organização Mundial do Comércio (OMC) “está em um patamar superior ao pré-Covid”.
Expectativa mantida - A expectativa da Secex para exportações e importações em 2021, portanto, está mantida, com previsão de crescimento de 5% nas duas pontas e com “saldo comercial robusto”. De acordo com Brandão, o comércio exterior brasileiro tem se mostrado muito estável nos últimos anos e foi resiliente no ano passado, principalmente nas exportações.
Resiliência - Essa resiliência, acredita o subsecretário, deve se manter neste ano. “Há uma grande necessidade por bens importados para complementar a produção, principalmente insumos. Por outro lado, a exportação brasileira é muito necessária no mundo – principalmente alimentos – e agora, nesse momento de recuperação da economia mundial, temos o insumo industrial, que é o minério de ferro, que é base de várias cadeias industriais”, justifica.
fonte: Paraná Cooperativo, com informações do Ministério da Economia